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Fim de tarde em Otra Banda |
Depois da estadia em Aruba,
a convite do Renaissance Aruba e da Copa Airlines (como contei
aqui), fiz uma pausa rapidex de uma noite na Cidade do Panamá e estiquei até Curaçao, outra ilha caribenha e herança holandesa que eu também não conhecia.
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Poesia nas ruas do centro colonial em Curaçao |
Essa ilhotinha, sim, achei adorável e autêntica. Bem menos americanizada que sua vizinha Aruba (até porque recebe uma quantidade significativa de turistas europeus), Curaçao me encantou, com uma mescla cultural aparentemente tão ampla quanto o próprio papiamento que lemos e ouvimos em toda parte.
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As casinhas históricas de Curaçao, pintadas e restauradas anualmente, abrigam de tudo |
Curação é a maior ilha do arquipélago das chamadas Antilhas Holandesas. Autônoma, faz parte dos Países Baixos hoje - o holandês é a língua oficial nas escolas e quase 80% dos jovens faz faculdade na Holanda.
De dominação espanhola antes da holandesa, tem mesmo uma bossa meio latina aqui e ali; e a forte herança africana pela dura escravidão que rolou por ali. Eles mesmos definem, o tempo todo, seu patrimônio cultural como "europeu e africano". O colorido papiamento (a mistura criola que envolve português, espanhol, francês, inglês e uma larga porção de holandês por ali) é amplamente falado em toda parte - do adorável Bon bini que ouvimos ao entrar em cada novo lugar a expressões tão aparentemente "aportuguesadas" do dia-a-dia, como bon dia, bon tardi, di nada etc.
Dizem, aliás, que seu nome Curaçao teria vindo do ato de curar, quando navegadores portugueses testemunharam na ilha a cura de doentes com escorbuto (valeu, pai! :D)
Na capital Willemstad a gente circula entre Punda, o centrinho onde ficam o casario colonial, o mercado e a zona comercial, e Otrabanda, que hoje tem boa vida noturna, ligados por uma ponte móvel. A maioria dos hotéis fica na Baía de Piscadeira, mais ao norte de Willemstad.
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A ponte móvel que liga Punda e Otrabanda |
O centro histórico é adorável, com edifícios holaneses cheios de história e muito bem preservados. Tem até a mais antiga sinagoga em funcionamento no continente americano.
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Nas antigas salinas da ilha hoje encontramos... |
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... flamingos! :D |
Dizem que em Curaçao faz bom tempo sempre. Vários moradores me falaram que só tomam conhecimento de weather channel e afins quando viajam para outros lugares, já que na ilha chove pouco, e nunca por longos períodos (a estação mais chuvosa - ou menos seca, na verdade, porque ainda chove pouco - acontece de outubro a dezembro).
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Um dos símbolos da luta contra a escravidão na ilha... |
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... e a mais antiga Igreja de Curaçao |
Fora da alta temporada - que vai das festas de fim de ano à Páscoa - os preços na ilha costumam ser bem razoáveis, inclusive para aluguel de carro. Aliás, o aluguel de carro é tão comum por ali que há um saguão do aeroporto exclusivo para isso - e é recomendável mesmo, já que as praias mais legais são afastadas da zona hoteleira (embora existam, é claro, empresas de tours e receptivo na ilha). E o aeroporto conta com wifi grátis \o/
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Histórias de escravidão, liberdade e influências africanas mil estão pintadas nos muros das ruas... |
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...e nas paredes do museu |
Para conhecer mais sobre as histórias de colonização e escravidão da ilha, vale a visita ao Museu Tula, próximo à praia de Kenepa. A visita é guiada e bastante completa.
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A guia Jansen lidera uma visita incrível pelo museu, com direito a muita história e musicalidade |
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Escravos anotados, literalmente, como mercadoria adquirida, junto com farinha, açúcar e outros |
Em termos de belezas naturais, vale seguir a Boka Tabla, uma formação rochosa tipo falésia impressionante, onde as escuras águas do mar arrebentam com extrema força e violência - muito diferentemente das águas calmas e clarinhas das praias do restante da ilha.
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Uma fresta nas rochas mostra a força com que as ondas quebram em Boca Tabla |
A comida local é boa, e muito boa. Ampla oferta de peixes e frutos do mar, geralmente acompanhados de banana assada (semelhante à nossa banana da terra, mas mais firme) e tutu - mas, vale ressaltar, o tutu da ilha é bem diferente, e bastante adocicado, já que leva canela e açúcar mascavo no preparo (eu adorei).
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Comida típica na ilha envolve sempre tutu adocicado e banana assada (esse é do Komedor Krioyo) |
Outra visita histórica bacana (mas mais rapidinha que o Museu Tula) é a Kas di Pal´i Maishi (também chamada de Kas di Yerba), que data do metade do século XIX e é conservada como protótipo das habitações comumente construídas pelos descendentes de escravos nos arredores das "plantation houses", com mobiliário da época e simulação do modo de viver do período.
Quem não quiser viajar entre Aruba e Curaçao como eu fiz, via conexão (e pernoite, por causa do horário dos voos) na Cidade do Panamá também pode tomar um dos muitos aviõezinhos que voam várias vezes ao dia entre as duas ilhas. Mas, vale lembrar, esses voos entre as ilhas têm limite de peso razoavelmente inferior (em alguns casos, apenas 12kg por passageiro) ao de quem compra tudo embutido no mesmo ticket com saída do Brasil.
No quesito praia... ah, as praias de Curaçao! As praias são pequenas, e também em número reduzido - e, o melhor de tudo, ainda guardam aquela carinha meio "selvagem" em muitos casos, sem hotelões em sua orla (resorts beira-mar na ilha fizeram sua própria prainha artificial, como o
Renaissance Curaçao, onde fiquei hospedada - que eu gostei muito, por sinal). Aquele mar turquesa-Caribe em toda parte, do avião mesmo a gente já vê. Água transparente, limpinha, tomada de peixinhos e corais, temperatura divina. A praia mais popular - e, portanto, mais muvucada - é a Seaquarium; mas nem por isso a mais bonita; me encantei por Cas Abou, Port Marie e Kenepa.
Só que isso já é assunto para o próximo post ;)