O doce – e delicioso - vinho do Porto

Talvez você não concorde comigo, mas acho que poucas bebidas no mundo podem ser tão deliciosas e reconfortantes como um bom vinho do Porto. (Parênteses: acho que uma xícara fumegante de café com leite, uma flute de champagne e uma bela taça de vinho tinto também o são).

Como amante de vinhos em geral, guardo um lugarzinho especial no meu coração enólogo e luso-descendente para esse doce néctar de uma das mais belas cidades de Portugal. E claro que me vali do pretexto de estar nessa adorável cidade para visitar algumas das melhores cavas da iguaria.Chegar até elas é muito fácil – basta descer até a Ribeira por uma de suas ladeiras ou pelo funicular (que bela vista!), atravessar a icônica ponte Luis I e pronto: la estão várias delas, praticamente enfileiradas uma ao lado da outra ou a apenas cinco minutinhos de caminhada. Ali você certamente encontrará sua cava predileta – e, provavelmente, também verá cavas das quais nunca ouviu falar. Tem até cava gratuita (chamada Croft), pra quem não estiver a fim de desembolsar nem um centavo de euro para isso.

Resolvi visitar as cavas dos meus vinhos do Porto prediletos: a Cálem (que faz o delicioso, e infelizmente raramente encontrado no Brasil, Velhotes), a Sandeman e a Ferreira. Cada visita custa entre 3 e 4 euros e há um ticket especial de 6 euros para quem visitar no mesmo dia Sandeman, Offley e Ferreira – sempre com degustação de um branco e um ruby ou tawny incluída ao final.

A demarcação da região do Douro Vinheteiro pelo Marquês de Pombal aconteceu em 1757, graças ao solo propício, rico em xisto, do local, e hoje a coisa por ali é tão séria que a região é patrimônio da humanidade declarado pela Unesco. Como na região de Champagne, na França, por exemplo, cada casa promove visitas guiadas à sua cava ou, ao menos, tem um bar aberto para degustações (cobradas) de seus diferentes tipos de vinho do Porto (Lágrima, White, Ruby, Tawny, Reserva, Vintage... )produzidos.

As visitas são bastante semelhantes, mas interessantes, e valem também pelas ótimas degustações ao final de cada uma. Só indo lá mesmo para entender porque as paredes precisam ser de granito, o teto em madeira ou os tonéis de carvalho francês impermeável em todas elas e aprender que um bom vinho do Porto pode envelhecer por um período entre 2 a 50 anos dependendo da safra. Só não pode exagerar quem estiver dirigindo, já que a bebida de 20% de teor alcoolico.

E a febre do vinho do Porto na cidade é tão grande que a bebida hit nos verões é sempre o Porto Tônico, um drink refrescante que mistura vinho do porto, agua tonica e gelo com uma rodela de limão ou laranja. Tem gosto pra tudo mesmo. Eu, sinceramente, ainda bem prefiro uma bela taça do vinho puro, antes ou depois das refeições.