Eu voo muito durante o ano; e cada vez mais. E, como vocês sabem, não curto voos e aviões. É óbvio que desastres aéreos aumentam a sensação de frio na barriga mas, para minha felicidade e pelo bem da minha paixão por viagens, meu medo de avião nunca me impediu de sair por aí em nenhum período(cheguei a decolar rumo a Buenos Aires horas depois do acidente da TAM em 2008, com a tripulação do meu voo, da mesma companhia, praticamente aos prantos, e não foi nada, nada legal – mas eu fui).
É notório que as grandes catástrofes – e até as pequenas, sejamos bem francos – têm um efeito particularmente devastador na indústria do turismo no que se refere ao público brasileiro. É fato numericamente comprovado que após desastres aéreos inúmeros bilhetes já emitidos são cancelados aqui, principalmente na companhia acidentada em questão. Em 2009, Argentina, Chile e México sofreram um impacto negativo terrível, ainda não recuperado, com o cancelamento em massa de viagens de brasileiros para seus destinos devido à gripe suína. O Chile viu, em 2010, seu turismo de brasileiros despencar abruptamente pós terremoto do começo do ano – e a sua região patagônica está sofrendo na pele agora a “evasão de brasileiros” pós incêndio em Torres del Paine (já controlado há dias, por sinal) em plena alta temporada.
A bola da vez nessa história é o trágico acidente do navio Costa Concórdia no litoral da Itália no último final de semana. Bastaram as primeiras notícias sobre o ocorrido para pipocarem mensagens no Facebook e no Twitter do tipo “sempre tive o pé atrás com essa companhia”, “é por isso que não viajo com essa companhia”, “cruzeiros sempre foram um perigo” etc. Ok, é fato que houve vítimas fatais, pânico, perdas irreparáveis e que o fato expôs uma fragilidade e falta de preparo da tripulação que viajante nenhum gostaria de ver. Nenhum acidente desse tipo deveria ocorrer. Mas a gente sabe que acidentes e catástrofes naturais, infelizmente, acontecem; e o que a gente espera é contar com profissionais qualificados e bem preparados para nos assistir numa – toc, toc, toc – eventualidade.
No último sábado mesmo, e mais ainda na segunda de manhã – como me contaram amigos agentes de viagem – vários tickets de cruzeiros foram cancelados por aqui, para essa temporada, para destinos diferentes, por passageiros ultra impactados pelo acidente italiano. E desde sábado tenho amigos me questionando se vou mesmo embarcar num cruzeiro na semana que vem, como já venho planejando há tempos.
Espero, sinceramente, que as providências mais justas e corretas possíveis sejam tomadas nesse caso da Costa. E, claro, que o acontecimento sirva ao menos como alerta para as armadoras de cruzeiros reverem suas políticas de treinamento, contratação e fiscalização de conduta de staff, para evitar ao máximo que novos acidentes do gênero aconteçam. Muitos especialistas têm escrito sobre os possíveis impactos do acidente na indústria de cruzeiros no mundo, sob vários prismas diferentes; mas ainda não consegui entender porque os brasileiros são, tradicionalmente, tão mais impressionáveis nesse tipo de acontecimento no que se refere ao universo das viagens do que a média de outras nacionalidades. Não mesmo.
Meu cruzeiro na semana que vem? Está mantidíssimo. Sem a menor sombra de dúvida.
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5 comentários:
Mari, eu confesso que fiquei abalada com a tragédia mas, muito mais por ter feito um cruzeiro há poucas semanas com a Costa e em um navio-irmão do Concórdia, o Pacífica. Não foi o meu primeiro cruzeiro, e só quem teve a experiência de estar dentro de um navio desse porte tem a verdadeira dimensão do que é um desastre desses e, por isso, fiquei muito triste com o ocorrido. De qualquer forma, se tivesse um cruzeiro marcado faria numa boa. São casos isolados e encaro como fatalidade. Viajei com a Costa duas vezes e te digo, eles têm um rigor altíssimo com a segurança dos passageiros e tripulantes. Recomendei e continuarei recomendando os cruzeiros da Costa lá no blog. :)
Mas o brasileiro é mais influenciável do que os outros nestes momentos? Ou essa fuga acontece em outros lugares também?
Se o brasileiro realmente for mais influenciado por catástrofe do que outros, eu chutaria que deve ter alguma relação com a latinidade. Dramalhão, choradeira e tal, sabe?
Olha que essa é um bom item a se considerar, viu Gabe? A latinidade. Eu sei que em casos como da gripe de 2009, foram os brasileiros os que mais desapareceram de Argentina, Chile e México. Os japoneses, por exemplo, que são tradicionalmente os mais preocupados com questões de saúde, adotaram aquelas máscaras (:-S) durante os passeios, mas não deixaram de viajar ao destino programado.
Rapha, penso igualzinho. Qq tragédia entristece, e muito, a gente. Ainda mais com tripulação com a qual a gente já viajou. Mas fatalidades acontecem...
triste, muito triste...
A turma do Plin-plin e sua mania sensacionalista também tem boa parte da culpa. Afinal quem nao chega enjoar de tanto ver os dramas mostrados na tv? Um saco.
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