1 de nov. de 2012

Hotel review: Mashpi Lodge, Equador

Room with a view: literalmente!
 Como eu contei no post anterior, fui parar na porção equatoriana de "bosques nublados" ou "floresta nublada", como eles mesmos definem, localizada a mais ou menos 3h ao norte de Quito. Essa área imensa de mata nativa é conhecida como reserva biológica Mashpi e foi ali, em 1300 de seus muitos e muitos hectares, que inauguraram esse ano o Mashpi Lodge, um hotel que pretende ser verde e sustentável sem abrir mão do conforto dos hóspedes.
Materiais naturais em toda parte...

... e banheiros sensacionais
 O hotel opera em sistema quase tudo incluído: transfers de e para Quito, pensão completa e todos os passeios estão incluídos, assim como água e sucos frescos à vontade (os sucos, btw, são fantásticos; refrigerantes e bebidas alcoólicas é que são cobrados à parte, e daí bem inflacionadinhos: uma taça de vinho regular vale 10 dólares).
Tem também duas salas de tratamento no spa e jacuzzi aberta aos hóspedes
 O mais legal da arrojada construção, muito contemporânea em meio à selva, é que, garantem, não foi derrubada uma única árvore para dar lugar a ela: a casa sede do hotel ocupa a clareira aberta pela antiga madeireira que antigamente era proprietária do lugar (há várias fotos por lá pra gente acompanhar todo o processo de construção do hotel). E foram utilizados muitos materiais reciclados ou reaproveitados na construção, valorizando o máximo possível de luz solar, para também economizar energia elétrica.
Os corredores do hotel também têm vista para a floresta e assim ficam super iluminados

O hotel visto de fora
 Os funcionários em geral são muito jovens e, vindos da própria comunidade local, estão tendo ali seu primeiro emprego em hotelaria; e, ainda assim, funciona muito bem, são bastante gentis e prestativos. Os quartos são lindos, espaçosos e ultra iluminados e, o melhor, partilham todos exatamente da mesma vista: pelo menos uma parede inteirinha do quarto é de vidro e a gente tem a sensação de estar numa casinha sobre a árvore :))))))
Dentro da floresta não circulam carros; só esses carinhos de energia "carregável"
E o restaurante também usa e abusa da luz natural com pé-direito altíssimo
 A internet é grátis mas, sendo satelital, ainda tem que melhorar bem (consegui usar muito pouco nos dias que estive lá, caía sempre). Não existem TVs nos quartos, o que acho absolutamente louvável; a única TV é uma LCD bem grande na sala principal, usada mais para as explicações dos guias antes das excursões que qualquer outra coisa. E os livros sobre a região, pássaros, plantas e demais animais, dispostos na frente da lojinha do hotel não estão à venda, não; são todos para empréstimo gratuito aos hóspedes.
Codinome beija-flor ;)
 O programa ali é acordar cedinho (o birdwatching começa pontualmente às 6h30) e dormir cedo também (lá pelas 23h já nem há mais movimento no hotel). O birdwatching, aliás, é sensacional: os pássaros praticamente pousam no terraço do último andar do hotel (são 3 andares, contando o térreo) e os guias ainda contam sempre com binóculos e lunetas pra gente poder observar melhor os que estão mais distantes. Tucanos ali são frequentes e há também uma estação à entrada da propriedade montada exclusivamente para observar os colibris/beija-flores ali: são muitos, e de muitas espécies diferentes.
O lodge visto do alto da torre de observação, literalmente no meio da selva
Na véspera de cada dia, o guia se reúne com seu grupo (máximo de seis pessoas por grupo) para discutir os passeios do dia seguinte; são majoritariamente trekkings pela mata, mudando apenas o itinerário e o nível de dificuldade (a maioria deles termina numa cachoeira ou queda d´agua). O hotel empresta galochas para todos e recomenda que as use - e eu também recomendo muito: como a floresta é nublada, a terra está sempre, sempre úmida, chove muito; as galochas dão muito mais segurança nas caminhadas (sobretudo nas descidas, que são muitas).
O hotel ainda todo encoberto pelas nuvens que tomam o bosque logo cedo...
.... que é a hora por excelência do birdwatching
 Nas caminhadas, que acontecem tanto de dia quanto de noite, fizemos várias paradas ao longo do caminho para observar e ter explicações sobre plantas e flores e também para acompanhar e observar os muitos animais da região: cobras, aranhas, insetos de todo tipo, pacas e cotias, macacos e outros animais endêmicos. Só não vimos o puma ;)
A torre de observação vista da base: guarde fôlego para subir
 A propriedade ainda tem uma torre de observação de altura equivalente a um prédio de oito andares do alto da qual a gente entende bem a reserva e a geografia curiosa da floresta. Além disso, montaram um Centro de Vida para ajudar na reprodução de borboletas.
A floresta literalmente "sob meus pés" durante o passeio de Sky Bike...
 Mas a grande vedete do hotel acabou sendo sua "sky bike": uma bicicleta acoplada a uma linha de tirolesa na qual podemos "voar" sobre a floresta, numa altura de mais de 60m no trecho mais alto. De uma margem à outra, a bicicleta só se move conforme pedalamos, num trajeto de 10 a 15 minutos, dependendo do ritmo de cada um; não existe nenhuma eletricidade envolvida; e a vista lá de cima é realmente sensacional.
... e um casal de hóspedes dinamarqueses felizes da vida  terminando seu passeio pelos ares
A caminhada pelo solo sempre lamacento...
... nos leva ao ritual diário de "lavar as botas" antes de entrar no hotel novamente
As curiosas borboletas do Centro de Vida
 A cozinha, sob comando do quiteño David Barriga, é muito boa e sempre lindamente apresentada. O David, super simpático (e louco por futebol, já disse que vem ao Brasil para a Copa), trata de fazer pratos típicos equatorianos naquela vibe da "desconstrução" (comi um ceviche, por exemplo, que vinha com todos os ingredientes separadinhos e eu mesma, no meu prato, que juntei todos eles, conforme meu gosto).
O simpático David explicando sobre chocolates para os hóspedes
Design na sala principal...
... e vista geral da lojinha do hotel
 Mas o que mais me impressionou, na verdade, foram os níveis de ruído, baixíssimos; não só os funcionários são silenciosos como também a construção é silenciosa em si (o vaso, por exemplo, mal emite um sonzinho quando damos a descarga, assim como pia, chuveiros etc). Depois me contaram que a ideia é essa mesma: perturbar o mínimo possível os animais que rodeiam a casa.
O lodge parece pequenino, pequenino, visto do alto
Belíssimo hotel.

6 comentários:

Emília disse...

Mari, acho que este é o quarto de hotel mais bonito que eu já vi! Espetáculo! E gostei muito da proposta, programão.
Um beijo.

gabebritto disse...

Putz, Mari, muito fantástico esse lugar. Se ele realmente for verde como diz que é, é mais fantástico ainda.

Mari Campos - Pelo Mundo disse...

Emilia, é lindo, não é?

Gabe, sabe que eu também voltei pensando isso? Que vou acompanhar bem de perto, pra conferir se ele é tão verde como garante que é. Porque a proposta é sensacional. O tipo de hotel que eu amaria que os gringos pudessem encontrar na nossa Amazônia também.

Lu Malheiros disse...

Mari,
Adorei o hotel! Não sei se andaria na sky bike, mas a idéia é boa!
Uma das dificuldades em se manter um hotel "verde" - do pouquíssimo que sei sobre o tema - é a destinação e tratamento do esgoto. Eles falaram alguma coisa a respeito?
Bjs

Mari Campos - Pelo Mundo disse...

Lu, me disseram lá que estão com uma estação de tratamento própria e que, por enquanto, como a capacidade máxima é de 44 hóspedes, estão dando conta. Vamos ver.

CarmeLa disse...

Mari, você sempre fazer descobertas interessantes e muito bonitas. Com seu blog, viajo todos os dias pelo mundo e sempre me surpreende o quão grande e maravilhoso é o mundo que nos rodeia.

Suas notas sobre os hotéis que conhece ou visita em suas viagens, são sempre excelentes.
Bjs
Carmen L.