19 de mai. de 2013

De volta a Marrakech

A bela propriedade do Four Seasons por lá
 Quatro anos atrás, visitei Marrakech pela primeira vez, acompanhada de minha irmã, e vivi uma história de amor e ódio com a cidade. Amor pelo exotismo árabe, pelo tempero africano, pelo sotaque francês, pelas cores, pelos cheiros, pela comida. Ódio pelo perrengue que foi aturar uma semana de um assédio duro e, por muitas vezes, ofensivo, pelo trânsito, por tudo ter que ser negociado, porque atravessar as ruas (sem faixa de pedestres, entre carros, carroças, motos) era um exercício diário de luta pela vida. Disse que só voltaria para lá acompanhada de um homem e em alto estilo.
Convite para o chá: no hotel, no souk, nos restaurantes, nas lojas, sempre
 Bom, quebrei a promessa, mas só pela metade: voltei a Marrakech em abril passado completamente sozinha - mas fiz questão de me hospedar num hotelaço (o divino-maravilhoso Four Seasons Marrakech), ainda mais agora que a cidade vive um boom da hotelaria de luxo (tem review aqui). E, quer saber? Adorei.
 Bom, passei um perrengue logo na chegada: foram duas, DUAS horas na fila da imigração. Era gente demais. Eu nunca tinha visto um saguão tão lotado; eram muitos grupos, muitos voos chegando ao mesmo tempo (comecinho da noite), e o sistema lento de registro que piorou tudo. E fazia um calor de 37 graus diariamente. Mas gostei, e muito, dessa nova escapada marroquina. Já comecei deixando acertado previamente um transfer do aeroporto ao hotel para evitar aquele sentimento de minhoquinha atacada por aves sem fim que a gente sente ao sair em meio ao mar de táxis e taxistas bem em frente ao saguão de desembarque (aviso: quem não deixa transfer pré-agendado tem que, como eu e minha irmã fizemos em 2009, negociar o preço da corrida até o hotel)

 Marrakech é uma excelente escapada para quem está na Europa. Os voos são curtos e, em geral, bem baratos (paguei quase 350 euros para voar de Easyjet, mas porque eu estava em Milão; de Madri e Paris, por exemplo, as ofertas costumam ser sensacionais). A cidade mudou nesses quatro anos. Não que fosse tradicionalista antes, longe disso – faz tempo que Marrakech tem essa vibe jetsetter, mas esse viés se expandiu muito nesses últimos tempos. E a cidade também ficou mais segura: há câmeras espalhadas por vários pontos da Medina e do souk e várias atrações têm policiamento visível.

As atrações continuam sedutoras: dos palácios ao souk, impossível não se deixar levar pelos encantos de Marrakech. O próprio caos de Marrakech é sedutor. Refiz vários dos passeios que tinha feito na visita anterior – Jardin Majorelle, os Palácios, a sen-sa-ci-o-nal Madrassa Ali Ben Youssef – e continuo recomendando todos.

 Usei novamente o citysightseeing bus da cidade por 48h e continuo achando um negocião – agora são 3 rotas diferentes, todas incluídas no mesmo ticket (na visita anterior eram apenas 2) que chegam não apenas às atrações mais comuns como também às mais antigas, do Palmeirae ao novo big mall da cidade. E, claro, acho que curtir o caos da praça Djema el-Fna é simplesmente essencial, de dia e, sobretudo, no fumacê do final de tarde.


 Também acho que vale a pena contratar um tour guiado pelo lado B do souk. É claro que todo mundo explora as barraquinhas que vendem de tudo por lá – agora, muitas delas surpreendentemente com preço fixo dos produtos, boas para quem, como eu, odeia pechinchar. Mas ter um guia que te leve para ver onde as mercadorias são produzidas, as cooperativas de tapetes, a parte onde apenas marroquinos compram, a parte que funciona como “praça de alimentação” e tantos outros cantinhos é um belo passeio – até porque, sozinho, é muito perigoso se perder por essas ruelas labirínticas da medina, mais escondidas (vou fazer um outro post sobre isso). No final, subir ao Terrasse des Épices para tomar um delicioso chá marroquino vendo aquele sem fim de cores lá de cima é pedidaça.
Espaço pra mini-saia...
... e pros trajes islâmicos na mesma praça
 Para mulheres viajando sozinhas, valem os mesmos conselhos de sempre, e já falei deles aqui no mês passado: não andar por locais desertos ou escuros, planejar seus itinerários, andar com passo determinado e, claro, não ligar para as “cantadas” que acontecem o tempo inteiro (lá em Marrakech eles ainda buzinam muito para turistas desacompanhadas, o tempo todo). Cara de paisagem resolve, em geral :D




Menino coloca as peças de couro para secar nos "bastidores" do souk

Peças de antiquário à venda na calçada dentro da Medina
O interior da espetacular madrassa
 No mais, é relaxar e aproveitar. Curtir todas as novidades da cidade nova, como Guéliz e a fofa rue de la liberté. Sair, conversar com gente do mundo inteiro, fazer compras baratíssimas no souk, relaxar nos jardins de Menara, aproveitar a excelente vida noturna (o Bo-zin continua sendo meu local favorito), descobrir novos sabores e aromas, ouvir histórias. Passei dias lindos, saí todas as noites (os bares dos hotelaços são todos incriveis, do próprio Four Seasons ao novíssimo Delano, e a gente se sente bem segura, mesmo sozinha), fiz novos amigos, uma delícia. Em Marrakech até se mimar custa menos ;)




Meninos numa pelada (com direito a camiseta do Ronaldo e tudo!) numa das ruelas perdidas da Medina
 Para quem fica mais tempo e tem tempo para escapadas ou, ao menos, passeios tipo bate-e-volta para fora de Marrakech, continuo recomendando, e muito, os passeios ao vale de Ourika (para ver bem a cadeia do Atlas, a produção de azeite e dos produtos com argan etc) e à linda Essaouira, beira-mar. 

5 comentários:

Boia Paulista disse...

Oi, Mari. Tudo bem? :)

Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem. Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com

Até mais,
Natalie - Boia

Mari Campos - Pelo Mundo disse...

Tks!

Anônimo disse...

Marrocos é a viagem dos meus sonhos...Morei 4 anos na Espanha e nunca pude ir, acredita? Lamento demais, mas está no topo da minha lista e quero pode explorar tambem outras cidades e a região do Atlas. Me deliciei com seus posts. Beijos, Mari!
Gabi Righetto

Anônimo disse...

Oi Mari, li e reli seus encantadores posts para melhor organizar a nossa viagem no início de agosto para Marrakech. Suas recomendações às mulheres serão seguidas, mas temos ainda algumas dúvidas. Nosso hotel em Marrakech não dispõe do serviço de transfer pré-agendado. Você poderia me dizer como posso contratar. Pediria também uma indicação para o tour guiado pelo souk, pois não sei se o Suite Novotel oferece esse tipo de guia. Mari, você relatou sobre os passeios bate-e-volta. Nós os faremos, com certeza. Você indicaria alguma agência em Marrakech para viajar para a região de Fez/Merzouga e Quarzazate? Além da semana em Marrakech, temos ainda mais uma para explorar, em especial, a região do deserto. Para essa segunda semana não temos nada reservado, pois pretendemos entrar em grupos já formados, para não estarmos sozinhas. Você acha arriscado? Você poderia sugerir algo? Um abraço e parabéns pelos seus posts. Transmitem muito entusiasmo e realmente dão boas dicas. Flora

Mari Campos - Pelo Mundo disse...

Oi, Flora, tudo bem?
Para contratar um transfer sem ser através do seu hotel, só com empresas de luxo, de transportes de executivo por lá, e esse costuma ser um serviço bastante caro. Tem certeza que seu hotel não pode intermediar o transfer? Sobre o tour, você pode compra-lo/reserva-lo no hotel Four Seasons Marrakech, que foi como eu fiz. Ou procurar uma das muitas agências de receptivo locais - há várias delas espalhadas em Gueliz e há também ponto de venda de passeios no terraço panorâmico sobre a Djeema El-Fna. Várias operadoras espanholas têm roteiros prontos pelo Marrocos, como a Halcón Viajes, por exemplo. Confira com eles se eles têm algo programado para as datas que te interessam. O Travelzoo andou apresentando uns programinhas legais também para escapadas ao Marrocos. Uma empresa que eu acho excelente para mulheres sozinhas por esses destinos é a espanhola Focus on Women (http://www.focusonwomen.es/) que tem uns roteiros incríveis, bem diferentes, e com grupos exclusivamente femininos pelo país.